quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

TU

Da recuperação de uma cirurgia esperada a treze anos. Da homenagem. Da passagem por entre duendes e fadas. Da dança final de uma guerra dos sexos. Da entrada em um nova mas já conhecida rotina. Da maior e mais difícil interiorização em uma ópera no Theatro Municipal. De um sublime Workshop. Da festa de reencontro. Do Maranhão, Cuiabá, do meu Rio de Janeiro três vezes. Da auto projeção na doçura de se ver como a dezesseis anos atrás. Da responsabilidade da festa de dois anos da realizadora de sonhos. Do presente mais sublime chamado "Violeta". Da finalização de um estudo de dois anos. Da primeira cicatriz colorida, e da segunda também. Da certeza de viver o temido e ao mesmo tempo desejado "felizes para sempre". De encontros com almas profundas guardadas eternamente... Encontros esses especiais ao extremo, ao ponto de fazerem o reencontro consigo mesmo acontecer de fato.
Dez quilos a menos. Uma vida sem sutiã. Uma certeza que sempre esteve aqui. Uma saudade absurda do passado que chega a confundir com a saudade do futuro. Uma mudança tão grande que tem sabor de mistura do ontem e do amanhã... Assim se conclui que isso só pode ser o hoje! Existe então maior perfeição?! Ah, 2013... Como te amo. Consegui fazer de ti tudo, absolutamente tudo que me propus a fazer contigo. Quantas vidas novas na minha tu me proporcionaste conhecer para que eu voltasse a me auto conhecer. Doces presentes vindos no momento exato para um alguém que obteve todas as respostas, até mesmo quando não sabia o que perguntar. Nostálgico 2013 que me trouxe a doçura de volta, me pôs no eixo e me revigorou. Amo-te com todas as minhas forças. Tu és o divisor de uma história. Meu livro foi aberto por ti. Minha história começa a ser contada por ter me mostrado claramente o que fui e o que de fato serei. Tu és o hoje e é por absolutamente ter me mostrado a importância de plenamente ser que te digo: - Tu fostes o melhor ano da minha vida! (Francis Helena)

Princesa

Pinte a unha de rosa com as cutículas doloridas. Coloque o salto com os pés desgastados. Passe a maquiagem por cima das olheiras. Enfeite-se com um sorriso nobre. Ninguém sabe das suas angústias. Você está salva de algum modo. Molde-se ao necessário agora. A vida vai, e vai se levando assim. Afinal, porque amor rima com dor e fé com café. Esteja divina ingerindo o que também termina com "ina". Está tudo no lugar que deveria estar e é passageiro, pois a alma já está em Janeiro. Deixe a luz do olhar acessa, não esqueça da sua própria princesa. A alma também rima com calma. (Francis Helena)

Eu Poderia

Eu poderia seguir padrões. Eu poderia me bronzear. Eu poderia ter as unhas compridas. Eu poderia ter optado pela palavra estabilidade. Eu poderia usar pontas nos pés ainda. Eu poderia continuar sendo a tia Fran. Eu poderia me esquecer de tudo. Eu poderia desaparecer. Eu poderia ter aceito propostas de trabalhos de professores na faculdade. Eu poderia estar rica. Eu poderia continuar loira. Eu poderia bater cartão de segunda a sexta. Eu poderia ser muito mais regrada e menos neurótica. Eu poderia ter escolhido um caminho mais calmo. Eu poderia ter mudado tudo. Eu poderia malhar. Eu poderia ligar pros amigos de antes. Eu poderia não me importar tanto com tudo. Eu poderia mudar de religião. Eu poderia deixar pra lá. Ainda bem que eu apenas poderia... (Francis Helena)

Pobres

Muito mais fácil o não comprometimento. Hipócritas os que tapam o sol com peneiras e fazem vista grossa ao sentimento daqueles que lhe tem o próprio sangue ou até mesmo fazem um julgamento infundado de quem talvez precisasse de algo como um pequeno conforto ou uma leve compreensão. Na verdade pode-se crer que nem sabem que estão tendo atitudes cruéis por não conhecerem o contrário! Pobres seres que não sentem o pulsar das batidas de seu próprio coração e o timbrar do coração do outro que lhe tem amor recíproco. Como dar algo que não se sabe o que é? Como retribuir o que não se recebe. Uma bola de neve. Compreensível? Nunca. Se a jornada foi cruel, o caminho foi trilhado por esses mesmos pés que continuam em linha reta. Se uma curva o tirasse de seu eu para lhe expandir a visão, talvez a jornada fosse mais prazerosa, mas também seria mais comprometedora. E aí é que se estanca o sentimento. Medo? Talvez. Mas na realidade pode-se dizer que é mais fácil assim. Pobres seres não comprometidos. Transparência é algo extremamente forte aos fracos. Então escondam-se atrás de seus falsos escudos e lastimáveis máscaras impostas socialmente ou até mesmo por si próprio. Vidas de momentos desperdiçados. Facilidade? Aparentemente sim. Que pena! (Francis Helena)