domingo, 7 de junho de 2020

Campainha

Não carrega mais a mochila nas costas com o laptop (nem o peso de ser quem é), não tem mais aquela camiseta, nem faz mais aquele penteado (pra que penteado?). Jamais tocaria a campainha daquele jeito hoje. Ok, ainda tem sonhos enormes, mas estão diferentes. As obrigações autoimpostas se tornam gostos pelo conhecimento que só é aprendido durante o percurso. A vontade de conseguir se transforma em vontade aprender, porque hoje está bem mais interessante que ontem. A ansiedade se desfaz, pois percebe que só o tempo lhe permite chegar mais perto dos próprios valores. Não tem mais a referência do ponto de chegada, pois sabe que pode ir além. (Francis Helena Cozta)

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Tudo diferente

Não é por causa de um certo vírus. Bom, talvez seja. Mas essa não é a questão. A causa em si é o tempo e a culpa é dos livros. O tempo e os livros. O que me falta está nos livros que não li. O que não sei está no tempo que não me dei. A expansão da mente ao aprender o que nem se poderia supor que existia nos conecta com valores extremamente profundos e o (re)conhecimento de quem se é de verdade se torna inevitável, mesmo que ainda esteja confuso por se tratar de um processo por vezes subjetivo, mesmo que consciente. O barulho do mundo, as (auto)imposições ditadas pelo meio, o conveniente aceito pelo óbvio vulgarmente estabelecimento, já não têm mais sentido. Antigas discussões passam a ser rasas e novos questionamentos vêm à lume. Está tudo diferente. (Francis Helena Cozta)