segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Transição

A gente sabe. A gente sente quando algo está chegando ao fim, quando está minando, se esvaindo e naturalmente se desviando. A gente sente quando a hora da despedida está próxima; Dizer adeus não pode ser tão doloroso quanto dizem, pois quando algo termina, um algo novo começa. Doces (re)começos sempre bem-vindos. A transição é estranha, pode assustar e gerar mais ansiedade, mas é preciso passar por ela. Algumas vezes é tão inevitável que até fisicamente a transição faz seu papel de limpeza e desintoxicação (mais uma vez). Mesmo que ainda esteja um pouco confuso, nebuloso, sem a total compreensão ou domínio de tudo. Não é uma questão de acreditar, é sentir. Porque a gente sabe... De alguma forma a gente sente e sabe. (Francis Helena Cozta)

Prece

Que eu possa te olhar nos olhos sempre que nos falarmos e até quando não tenhamos nada a dizer. Que eu possa admirar seu trabalho, seu esforço, seu sacrifício, sua luta, me identificar com tudo isso e vibrar com a tua glória. Que eu possa te ver crescer, mudar, amadurecer, e acabar sorrindo “sem querer” por causa disso. Que eu possa toda vez que te encontrar, mesmo que por acaso, me lembrar do que vivemos e dos melhores momentos que já pudemos passar juntos. Que eu possa ter sempre o coração aberto para ver o que de mais lindo você está fazendo agora. Que eu possa ser o sorriso que você precisava hoje ou o olhar brilhante que ainda te faz acreditar que é possível. Que eu possa ter a palavra certa pra te fazer ver o que de melhor existe em você. Que eu possa deixar a marquinha da esperança em você, mesmo que minha presença na sua vida seja passageira. Que eu possa reconhecer que você é incrível e me sentir privilegiada por nossos caminhos terem se cruzado mesmo que só por um instante. Que eu saiba ser generosa. Que eu saiba admirar. Que eu saiba reconhecer seus talentos. Que eu me desprenda de qualquer armadura para que a tua luz possa chegar até mim. Que a inveja, a arrogância, a frustração, a insegurança passem bem longe para que eu não me cegue e possa te enxergar verdadeiramente. Que a competição seja uma palavra inexistente, para que assim nossas forças sejam somadas. Que a crítica seja trocada pela admiração. Que a sensibilidade esteja absolutamente sempre aqui. Que meu coração vibre quando eu sentir que o teu está recheado. Que eu me deixe tocar, me envolver, sentir e transbordar o que a tua arte ocasiona em mim. Que você seja inspiração. Que a vergonha jamais me alcance para que eu possa chorar copiosamente quando a tua mensagem me tocar. Que o meu discurso seja sempre compatível com as minhas ações e coerente com a minha função. Que as distrações do mundo não me desfoquem e que o limbo no ar formado pela soberba se dissolva quando respirarmos juntos. Que eu esteja de peito aberto, pois o que reconheço em ti, fortaleço em mim! (Francis Helena Cozta) P.s: Para todos os meus amigos artistas que já me fizeram chorar de alegria.

Chaves e Gotas

Tem dias que mais se parecem com chaves. Sim, chaves mesmo, daquelas que abrem fechaduras e cadeados. Tem dias que se parecem com gotas. Mais precisamente com a gota que faltava para transbordar o copo e perceber que agora dá pra encher uma garrafa. Alguns dias chegam para acordar, recordar, revisitar e compreender. Dias firmes e certeiros para o total entendimento e percepção de tudo o que é distração, e por isso, totalmente irrelevante. O olhar agora se fixa no exato presente e a busca se dirige unicamente para o encontro de ser o mais parecido com o que realmente se é. Desafiar-se então a jamais desviar ou comparar, pois se assim o fizesse, não haveria sentido. Reconhecer-se, conhecer de novo, conhecer o novo. Estar o mais próximo possível de si. Agora. (Francis Helena Cozta)

Quase


quase
advérbio
1. a pouca distância; próximo, perto.
2. com ligeira diferença para menos.
3. pouco mais ou menos; quando muito; aproximadamente.
4. um tanto.
5. por um triz, por pouco que não.
Para mim...
Quase: o que para quem está de fora não faz diferença alguma. O que poderia ter mudado tudo. O plano adiado. Onde o “sim” poderia ter se adiantado. A fagulha da esperança. A porta entreaberta. A fechadura destrancada. A ambiguidade entre o respiro e a desilusão. O controle (ou aceleramento) da ansiedade. O momento em que o “não” apenas tirou um cochilo. O vislumbre da possibilidade. O impulsionador da busca. Uma constante (mas não acostumada) sensação. O que não permite a possibilidade da desistência. (Francis Helena Cozta)

Privacidade

"Ninguém percebeu que a perda do sentido da vergonha significa a perda da privacidade; E a perda da privacidade significa a perda da intimidade; E que a perda desta última significa a morte da profundidade. Com efeito, não existe maneira mais eficiente de produzir pessoas mais rasas e superficiais do que as deixar viver vidas completamente expostas, sem a ocultação de nada." (Theodore Dalrymple)
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👆🏻Sobre eu não gostar de dar entrevistas, sobre jamais participar de um reality show que mostra a intimidade, sobre não ter um canal no YouTube que mostra a vida pessoal, sobre ter “escondido” meu primeiro relacionamento por estarmos muito expostos naquele momento, sobre escrever meus textos de maneira metafórica e muitas vezes em terceira pessoa, sobre nunca ter me considerado uma pessoa pública, sobre abrir a porta da minha casa para pouquíssimas pessoas, sobre escolher uma profissão onde conto histórias de outras vidas, não da minha própria.

Fagulha

Eu prometo fazer algo por mim e acabo por fazer “outro” algo diferente. O que parece proibição acaba em sufocamento. Eu me decepciono com as pessoas, mas já devo tê-las decepcionado tantas vezes sem me dar conta do que fiz... Ou do que deixei de fazer. Me emociono com a mãe separada que sofre ao ter que deixar os filhos com o pai ausente. Talvez porque eu senti isso na pele. Me desprendo do egoísmo para pedir ajuda, não por algo para mim (porque ainda não superei o orgulho de “pedir” algo que seja para mim), mas para alguém que só quer terminar os estudos. Talvez porque eu lembre o quanto foi desgastante financeiramente (e emocionalmente) a época em que fiz faculdade. Chamo as pessoas para verem um trabalho feito com muito primor, onde sei que a pessoa sairá transformada com a mensagem dita, e não tenho sequer uma resposta sincera de: -“Não, não me interessa ir.” Vivemos no mundo das mensagens visualizadas, mas nunca respondidas. Do receio de dizer a verdade, onde isso pouparia tempo e esforço. Do medo de dizer “preciso de você”, ou “pára, por favor”. Da nostalgia, onde tudo que é do passado é bem bacana e dá audiência, mas o que é do agora, soa pouco interessante... Talvez porque para ver o novo você tenha que se desprender dessa ideia de que o passado foi perfeito e se abrir para novas (e melhores) experiências. No final das contas, só nos envolvemos com o que nos é conveniente e nos trará alguma vantagem (no lado da razão), ou com o que nos identificamos de fato, por já termos sentido no nosso próprio corpo e ter doído muito (no lado da emoção). Hoje é um dia de Sol, reflexão, ansiedade e foco na fagulha da esperança pelo que me faz suspirar. E quando eu vi... Já fiz... Leveza. (Francis Helena Cozta)

Transparente

É que eu sou poeta. É que eu me emociono com uma pequena fagulha de esperança. É que eu amo tanto certas coisas que meu coração às vezes quase explode. É que eu me exponho e me exponho. É que eu penso em fazer diferente, mas minha receita da intuição me grita que assim já está certo e que é tudo bem. É que eu penso que não sei, mas é só porque eu me distraio, pois na verdade eu tenho certeza. É que eu tenho muita vontade e coragem também. É que eu confio. É que mesmo quando eu estou em dúvida, eu continuo tendo certeza. É que o tempo passa e as coisas vão ficando melhores. É que os novos desafios já não doem como os de antes. É que alguns objetivos continuam firmes. É que eu aprendo todos dias, mesmo achando que desperdicei muitos deles. É que a essência permanece intacta, mesmo eu achando que ela se desvirtuou pelo caminho. É que está tudo certo com o caminho. É que eu não me esqueço de lembrar. É que essa imagem do ontem com essa mensagem do hoje é um combo para a Fran do amanhã. Só continua... Continua... Viu como deu certo? Eu já sabia e você também. Parabéns por ter chegando até aqui e ter concretizado. Deu certo! Só te digo uma coisa... Ainda há tanto... Ufa! Obrigada e ainda bem! (Francis Helena Cozta)