quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Sei

Por ser prudente, por ser necessário, por ser o que quer que deva ser. 
Como posso? Como poderei? Como mudarei o que faz parte de mim? Como não mais esquecer de lembrar? Como lembrar de esquecer? 
Memórias, visualizações, lembranças, dores, confusões que não são minhas. 
Nesse caso não existe nós. Nesse caso não existem nós. Não é nosso. 
Sei dos nós atados por mim. Sei mais do que tento esquecer. Sei do mais, sei demais e não sei mais. Sei o que não me cabe e sei lá. 
Estou só. 
E agora está tudo bem. 
Sei que me lembro de ter que esquecer. (Francis Helena) 

Quarta Posição

Recuamos para avançarmos. Não olhamos para trás. Já sabemos o que foi feito. Recuamos para impulsionarmos. No ballet clássico a quarta posição compreende um pé atrás e outro a frente com o peso do corpo quase que equilibrado entre os dois. Por ser por vezes uma posição preparatória para giros, o peso do corpo fica levemente na perna que está na frente, pois a perna de trás é impulsionada a rejeitar o chão para que o eixo venha para frente e a pirueta se faça concreta. Se um dos pés não ficar atrás, o giro perfeito não pode se concretizar.
É claro que podemos girar algumas piruetas iniciando de quinta posição onde os pés permanecem juntos, mas fouettes somente são possíveis se iniciados de quarta.
É preciso nos prepararmos. É preciso termos um pé atrás. É preciso equilibrar o peso de tudo. É preciso atentar-se ao eixo. É preciso usar a quarta posição da vida. É preciso impulsionar, rejeitar e finalmente girar. Em seu próprio eixo a rotação perfeita. É hora de girar, de sentir o ar se tornar vento. O vento feito por si próprio. É possível fazer ventar e não apenas esperar pela ventania externa. É hora de ser cata-vento. Estou em quarta posição. (Francis Helena)

Amor

O que sentes de fato se pode chamar de amor?
Sentimento nobre esse, sentido pelo não egoísta, não possessivo, não indiferente, não "escravizador".
Não que não o sejamos assim, mas no ato de amar, nada disso combina, na verdade seria o oposto a tudo isso. 
O amor é gratuito. Por vezes nem o queremos sentir, mas já está instalando em nós. Gratuito.
Recíproco.
Gratuito e recíproco.
Nobre.
Não há temor.
Gratuito, recíproco e nobre.
Tão simples querer na vastidão de sensações do bem estar.
Não existe medo.
Se respira através do sentimento.
Doce.
Só há de querer estar.
Não há repulsa. Como poderia, se só se quer vivê-lo por ser o mais forte de tudo.
Abençoados os que assim se sentem.
Completo.
Não há vazio.
Simples.
Abençoados os que o recebem.
Suave.
Só de se fazer uma pequena menção em pensá-lo, já o toma por completo e o faz pleno.
Suave.
Não há insegurança.
Tudo que possa causar desassossego se esvai.
Pleno.
Por que então não simplesmente vivê-lo?
O que sentes de fato se pode chamar de amor? (Francis Helena)

Preciso

Ontem eu me lembrei desse dia. 
Ontem eu revivi essa sensação dentro de mim. 
Ontem me dei conta de que o tempo passa e como isso é bom. 
Ontem percebi o privilégio de ter vivido tudo que vivi. 
Ontem me dei conta do quanto mudei meus conceitos, amadureci, evoluí minhas idéias e que estou diferente.
Para quem achava que o momento do "felizes para sempre" seria a última página do livro, hoje tem um livro novo nas mãos, onde a verdadeira história está sendo escrita.
Apenas o começo.
Ontem olhei pra mim e me senti mais jovem do que antes.
Ontem, vislumbrei o quanto tenho pra viver, e haja quanto.
Ontem só me senti cansada fisicamente, o que sempre foi normal desde que me entendo por gente, mas a alma está nova, jovem e viva, cada vez mais viva.
Ontem me resgatei mais uma vez.
Ontem dormi, óbvio que sonhei, claro que acordei cansada, mas mais uma vez resgatada por mim mesma.
Ontem acreditei que tenho tudo o que preciso, até o que não está em minhas mãos. Até os meus desejos, minhas paixões guardadas, o querer pelo que ainda não vi, minhas metas, eu as tenho porque preciso! (Francis Helena)