quinta-feira, 4 de abril de 2019

34

Eu tinha planejado tirar uma foto com velinhas brilhantes. Trouxe até o isqueiro na bolsa junto com as velhinhas pra foto sair exatamente como eu tinha pensado. É que sou assim... Uma pessoa que planeja tudo nos mínimos detalhes, que nunca esquece de nada e que não aceita nada menos do que a perfeição. Mas também sou a pessoa que se surpreende com o inesperado, mesmo achando que ele jamais será melhor do que o meu planejado... Mas ás vezes ele é. Então essa é a foto oficial do meu aniversário de 34 anos. Eu sou essa mulher descabelada que está sempre com os olhos semi abertos por causa dos 2,75 graus de astigmatismo, sentada porque estou sempre cansada mesmo sendo uma das pessoas mais agitadas que eu conheço, de dedos tortos por causa do ballet e da própria anatomia também, que muda muito a maneira de pensar sobre diversos aspectos a cada ano, com um sorriso de fé e de gratidão. Hoje eu sou inteira gratidão! Completo 34 anos de vida após ter passado recentemente por um dos momentos mais difíceis da minha vida até aqui... Mas com a certeza de que ele passaria... Ah, essa também sou eu: a que tem certeza que tudo passa. Hoje sou mais feliz do que no niver de 33, 32, 31, 24, 14 anos. O amadurecimento nos trás felicidade e a sabedoria de que podemos ser cada vez mais a melhor versão de nós mesmos. Eu amo ser adulta. Eu amo ficar mais velha! Eu amo fazer aniversário. E hoje? Hoje é dia de agradecer por absolutamente tudo! Ah, e ainda terá a foto com a velinha! 🎉

Secreto

Somos tudo farinha do mesmo saco, precisamos um do outro, sentimos medo, tristeza e dor, alegria, vontade e amor. Não tem sentido acharmos que somos melhores por isso ou por aquilo, estamos todos na busca de algo, mesmo que a busca seja por ter o que buscar. Queremos nos sentir importantes, aceitos. Falhamos, e muito. Julgamos e rotulamos, mesmo que não queiramos que façam isso conosco. Nos comparamos, nos projetamos, nos esquecemos, nos enquadramos, mesmo não tendo sentido mais uma vez. E só o tempo é responsável por revelar aos poucos quem somos a nós mesmos. Amadurecer é algo intimamente secreto. (Francis Helena Cozta)

Instável

Hoje eu começo minha crônica sem saber ao certo como começar (talvez eu sempre faça exatamente isso). Hoje eu queria dizer tanta coisa e ao mesmo tempo nem estar escrevendo nesse exato momento. Hoje tantos pensamentos me vieram e tantas sensações opostas foram sentidas. Nada de 8 ou 80, pois isso já não existe por aqui, mas 8, 16, 32, 12, 24 e assim desordenadamente aleatório. Paro agora e penso: - “Caramba, estou escrevendo em primeira pessoa”. (Em geral eu escrevo em terceira). Talvez seja porque está tão complicado dizer (ou entender mesmo) tudo que se passa aqui, que a escrita esteja mais próxima de mim mesma. E esse é o desafio... Estar próximo de si, da sua essência, do seu eu profundo que talvez ainda não se tenha encontrado... Ou se encontrou, mas se perdeu no caminho, ou até mesmo está tão mudado que soa estranho. Na verdade, acho que está em mutação. Tudo nebuloso, frenético, confuso e instável. Já não se sabe ao certo dos reais quereres. E de quem se é, talvez seja a hora de começar a saber. E volto eu a escrever em terceira pessoa. (Francis Helena Cozta)

Diferente

É porque talvez os sonhos já não sejam mais os mesmos de antes. Que estranhamento! E não há tristeza alguma nisso. Na verdade o que existe é um agora tão mais palpavelmente feliz onde se percebe o todo conquistado e sentir-se tranquilamente realizado é tão mais prudente. Talvez aqueles sonhos nunca fossem de fato genuínos, porque onde paira a dúvida, o medo, a incerteza, não parece ser algo realmente interno... Ou simplesmente tudo muda, se adapta, se adequa, amadurece e se encaixa. A tão amada euforia toma outra forma. A tão necessária paixão ganha outra visão. Tão sutil, mas tão certo e leve. Com o ano que ficou pra trás, também ficaram as fotos antigas, o corte de cabelo que não se gostava, os dois mil e cem litros de “não alegrias”, as roupas compradas por obrigação, as histórias das quais não se faz mais parte, e os velhos sonhos... Porque talvez esteja na hora de começar a ter novos sonhos... Que combinem mais com quem se é agora... Que supram as necessidades de uma nova consciência que começa a existir de uma maneira tão natural que gera até um certo espanto. É um processo de entendimento, pois ainda não está muito claro, mas com certeza está menos custoso, menos impositor, sem a auto cobrança desenfreada e desgastante. Não há desistência, pois isso não combina com a personalidade. O que existe mesmo é mudança, fluência... Tudo está tão diferente. (Francis Helena Cozta)