quarta-feira, 6 de junho de 2018

Olhos Tristes

“Os olhos são o espelho da alma”. Ora! Mas que real e incompleto clichê. Tão comum transitarmos por entre dezenas de olhares de todos os tipos a todo momento. Há os que sorriem ao se cruzarem, os tímidos, os empoderados, os sedutores, os que nos acalmam, os que nos instigam, os que aconchegam, mas apenas olhos tristes é que nos fazem mergulhar profundo. Não há escapatória. Olhos lindos e tristes são os que nos fazem enxergar além de qualquer máscara, são aqueles onde se pode ver a alma despida, entregue e talvez até vulnerável. Olhos grandes e tristes são aqueles impossíveis de esquecer, de não enxergar profundo e de não acabar entregando-se também. Olhos lindos, grandes e tristes são de fato os apaixonantes, pela total ausência de qualquer filtro, fuga ou escusa. São eles que traduzem uma certa e inesperada doçura. Talvez só se conheça verdadeira e poeticamente outra alma através deles... Ah (suspiro), grandes e lindos olhos tristes! (Francis Helena Cozta)

Eu Queria

Eu queria ter a maior coragem do mundo e ser tudo o que eu poderia ser, enfrentar tudo que estivesse por vir dos meus desassossegos internos e deixar fluir mesmo que fosse pesado, pois assim eu faria parte da sua vida. Se eu pudesse me dividiria ao meio para uma de mim voltar a alguns anos atrás e viver lá; e com você. A outra viveria aqui exatamente desse jeito. É que às vezes eu penso que conseguiria ser assim, mas quantas lástimas seriam sentidas também. Eu ainda preciso aprender tanto. Eu precisaria enfrentar uma parte de dentro de mim que é enraizada, para poder transformá-la em asas... Assim todos voaríamos. Por vezes acredito, por vezes me soa utópico. É que às vezes parece que está nas minhas mãos. Eu tento, mas ainda não consigo. Eu esqueceria a palavra apego e a transformaria em libertação. Quantas consequências viriam. Me vem a dúvida se a melhor forma de te libertar, seria te deixar ir de dentro de mim. Aí penso deixar como está, mesmo que eu já tenha uma pequena dor. É que às vezes eu penso que uma hora tudo isso vai passar, e ás vezes não. Eu não te amo porque me falta, eu te amo porque me transborda. Esse é o meu problema e a minha solução. É que às vezes eu queria te chamar de “meu amor”. (Francis Helena Cozta) 

20/05/2018

20/05/2018
Minha alma irmã... Eu que tive o privilégio de te conhecer desde antes de você nascer, eu que quis tanto ter você na minha vida, eu que tive o momento mais feliz do mundo quando te vi pela primeira vez... Hoje te vejo se tornar mãe... Eu que nada sei sobre isso, eu que hesito sobre isso e talvez até fuja disso, aprendo hoje com você. Na verdade sempre foi assim... “Lá, vai na frente porque eu tenho medo. Lá, faz primeiro pra eu me sentir segura. Lá, vem comigo (pra tudo, até pro banheiro) porque eu preciso de você comigo... Lá, como é sentir tudo isso, como é não ter controle de nada e ainda assim viver... Lá, me diz como é ser mãe, mesmo que você não saiba explicar (ou entender ainda).” Mais uma vez você sai na frente e me enche de orgulho. Só quero saber agora de assistir “philminho” não mais só com você, mas com a minha família e a sua família junto. Minha doce e forte alma irmã, obrigada por ser parte tão importante de mim e ser exatamente como você é. Eu te amo além.
Gu... Taurino igual sua mãe, tinha que vir no dia que você escolhesse. Eu gosto assim! A titia aqui já te ama! (Francis Helena Cozta)

Real

Aí você começa a pegar tudo que te ensinaram a vida toda sobre tudo, ressignifica e começa a criar seus próprios conceitos. Tudo começa a parecer deturpado, taxativo, rotulado, exagerado, seguindo um padrão óbvio de pensamentos, crenças e receitas de como se deve viver, onde se é obedecido automaticamente sem questionamentos. Então você se desenquadra. A perturbação, a competição, a comparação, a mesquinharia, o ciúme, o ódio, o desassossego começam a não fazer mais sentido. Tudo que parecia controverso se esvai. Não se pode seguir a receita estabelecida se o sabor será tão óbvio... Então cria-se a própria receita, com novos ingredientes. Aí você percebe que não dá pra seguir receita nenhuma porque você quer usar tudo que tem na geladeira, ou, apenas um ingrediente. Tudo começa a se tornar leve, fácil, gostoso, suave. A vida passa a ser tão mais real. A liberta realidade fluida de ser quem você está sendo agora. A vida é muito mais interessante do que te ensinaram. (Francis Helena Cozta)