quarta-feira, 15 de julho de 2020

Mesa de Jantar


Se o universo é do tamanho do próprio conhecimento, como escutar os ruídos que desviam do deleitoso caminho em busca da sabedoria. A privação da expansão do intelecto e o acomodar-se com o previsto soa como uma agressão, por assim dizer.
A mesa está posta para o jantar com os ilustres convidados eleitos pela mente, mas principalmente pela alma.
Me sento muda.
Jamais os afrontaria com qualquer opinião vulgar.
Escuto.
Kundera explica-me “A Insustentável Leveza do Ser” e Michelângelo a importância de eliminar tudo o que não é “Davi”.
Me emociono.
Mergulho em meus próprios pensamentos.
Escuto algo. 
Volto minha atenção ao jantar e percebo que é Pachelbel dedilhando seu “Canon” na mesa.
Me perco e me acho nos aforismos trocados por Marco Aurélio e Sêneca, enquanto Rand e Aristóteles dissertam sobre a razão e o indivíduo. 
Me emociono mais uma vez.
E percebo como sou pequena.
Não me vitimizo, mas me alegro por me permitir sentar à mesa.
Por ora só posso agradecer pelo jantar e desculpar-me por ser breve e não citar todos aqui presentes.
Obrigada pela noite.
Ah, espere! Não te apresses Hamingway, pois ainda preciso descobrir se realmente “Paris é uma Festa”. (Francis Helena Cozta)
.
Música: Cânon in D de Pachelbel
Imagem por Amy Wharton via Pinterest