segunda-feira, 10 de junho de 2019

Elas

A sensação sobe pelas pernas até chegar a nuca. É possível sentir os pêlos dos braços roçarem na manga da blusa de tão arrepiados. Um suspiro longo seguido de uma expiração pela boca, que contém um som de prazer, é algo naturalmente orgânico. O levantar de uma única sobrancelha combina com o sorriso de canto dos lábios, que por sua vez estão mais rubros do que de costume. Há frio na barriga e borboletas no estômago também. Sinto-me inatingível, segura, salva e conscientemente vulnerável. A culpa é inteiramente delas. Entram na minha vida, pedem licença, mas não permissão. Ocupam grande parte dos meus dias e ainda mais dos meus pensamentos. Elas, que chegam, me reviram do avesso, me transformam e se vão sem dizer adeus. Elas... Que me mostram novos caminhos, maneiras diferentes de falar, de andar, de agir, de pensar... De sentir. Elas... O motivo da minha paixão, do meu desejo, do meu tesão. Por elas me dispo de mim mesma com a total consciência de quem sou e de quem posso ser agora com elas em mim. Racionalmente calculada a entrega executada com todo amor que eu possa oferecer, porque elas também são/sou eu. (Francis Helena Cozta) .