terça-feira, 18 de março de 2014
Eu Não Poderia Cantar
Eu não poderia cantar tendo a voz interior com vontade de gritar ou por vezes sussurrar o inesperado. Eu não poderia cantar tendo sentimentos expostos acima de qualquer técnica. Cabeça e coração iniciam um uníssono onde o domínio é total até o coração transbordar e o intervalo mais fácil de ser afinado se torna dissonante. Eu não poderia cantar lendo a partitura e em determinada nota a vista se tornar turva e a melodia se desviar por não conseguir seguir a harmonia estabelecida, pois o coração mais uma vez é quem realiza o vibrato. Eu não poderia cantar tendo o coração cifrado e este não tem o mesmo poder do cérebro de levar a mensagem as cordas vocais para estar no tom devido. A mensagem enviada pelo cérebro se dirige diretamente a esse mesmo coração que canta sua própria canção quase sempre inédita. Eu não poderia cantar estando completamente refém das ondas harmoniosas vindas de um certo local onde não se pode ter domínio, muito menos ser analisado. Eu não poderia cantar tendo a total ausência de fórmulas. A voz embargada é consequência da sinfonia ali estabelecida naturalmente. O olhos marejados surgem estando uma oitava acima desse embargo... E por fim, o tom, a afinação e até mesmo a melodia já não importam diante de tal estrutura musical simétrica. (Francis Helena)
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