quarta-feira, 23 de abril de 2025

Me deixa

Hoje é dia do livro.
Então, me deixa escrever!
Mesmo que não fosse, eu escreveria da mesma forma. 
Me deixa ser um pouco teimosa! 
Agora é só o que posso fazer, agora é só o que tenho.
Queria eu não ser poeta. 
Queria eu não sentir em demasia. 
Queria eu não viver tão intensamente.
Esquece, impossível. 
Tem algo cá dentro que vibra. 
E já que não posso gritar aos quatro ventos, meu berro mudo esbraveja enquanto redijo. 
Já não me importo mais em parecer cafona. 
Assumo o tal posto. 
Acato a condição de vida estabelecida pelo yin yang de se ter tudo, e, após a avalanche, não se ter nada. 
Me deixa ser exagerada! 
Eu achei que tinha enterrado esse lado, mas a vida sempre tem uma chapoletada escondia na manga. 
Eu juro que tava serena.
Me deixa ser morna! 
Esquece, impossível mais uma vez. 
Como pode? 
Existia uma vida antes.
Me matou, mas aí me lembrei de quantas vezes já morri.
Me deixa renascer! 
(Francis Helena Cozta) 

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