Sim, teve Machado,
mas também teve Dostoievski.
Teve direção,
teve escrita,
teve teatro,
muito teatro.
Teve ballet,
teve retorno à dança,
teve retorno pra casa
e teve retorno pra quem eu sou.
Teve morte.
Teve distanciamento,
teve decepção
e teve choro.
Teve choro em posição fetal
ouvindo Vento no Litoral.
Eu cortei a franja,
pintei o cabelo,
fiz 40 anos
e gravei Bukowski na pele.
Me formei,
pós-graduada.
Fiz meu monólogo.
Quem diria,
eu estreei meu monólogo.
Eu me decepcionei muito,
mas também teve muita alegria.
E pra quem estava morta em 2024,
pra quem fazia planos, há dois anos,
pra cercear uma vida,
2025 foram 25 anos em um.
Teve muita vida,
muita vida,
e é isso que importa.
Pois, de alguma forma, os poetas estão perdoados.
(Francis Helena Cozta)
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