domingo, 28 de dezembro de 2025

Tô viva

Sim, teve Machado,

mas também teve Dostoievski.

Teve direção,

teve escrita,

teve teatro,

muito teatro.

Teve ballet,

teve retorno à dança,

teve retorno pra casa

e teve retorno pra quem eu sou.


Teve morte.

Teve distanciamento,

teve decepção

e teve choro.

Teve choro em posição fetal

ouvindo Vento no Litoral.


Eu cortei a franja,

pintei o cabelo,

fiz 40 anos

e gravei Bukowski na pele.


Me formei,

pós-graduada.

Fiz meu monólogo.

Quem diria,

eu estreei meu monólogo.


Eu me decepcionei muito,

mas também teve muita alegria.


E pra quem estava morta em 2024,

pra quem fazia planos, há dois anos,

pra cercear uma vida,

2025 foram 25 anos em um.


Teve muita vida,

muita vida,

e é isso que importa.

Pois, de alguma forma, os poetas estão perdoados. 

(Francis Helena Cozta)

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