A pandemia está prestes a completar um ano. Quando lemos essa frase solta nos parece tão perturbador e de fato é. Exatamente por isso me peguei pensando sobre o tempo. Sabe quando lemos livros de história e surge algo como “aqueles foram longos anos de recessão”, ou “aquela guerra durou cinco anos”, nos parece um pequeno recorte de uma história longínqua e quase fantasiosa. Quando estamos “distantes” de algo, nos parece quase inexistente. “O que são só cinco anos dentro da história da humanidade? Eram outros tempos e as pessoas deviam encarar o tempo de um jeito diferente.” Quase desumanizamos os que vieram antes de nós e passaram pelos mais absurdos desafios. Decerto, nossa ansiedade cada vez mais latente nos torna extremamente imediatistas. Sei que isso se deve a avançada tecnologia de hoje que nos dá respostas quase que instantaneamente. Não paramos mais para apenas esperar, só esperar, se o que precisa ser resolvido não está em nossas mãos diretamente. Essa tecnologia que encurtou distâncias foi a mesma que ajudou a proliferar um vírus no mundo inteiro. E na nossa ânsia pelo imediatismo - pela vontade um tanto imatura em fazer exatamente o que fazíamos antes do tal vírus - queremos que ele desapareça tão rapidamente quanto se espalhou. Nada na história voltou a ser como antes uma vez modificado. Os sobreviventes das crises históricas foram aos poucos inventando novas formas de viver. Somos apenas um pequeno recorte de mais um desafio da humanidade, com a sorte de estamos ligados ao mundo através da tecnologia e o azar de estarmos presos dentro do nosso próprio egocentrismo imediatista. (Francis Helena Cozta)
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