É como se desfazer de uma roupa que já não serve. Não! É como trocar de pele. Não foi de uma hora para outra, e acredito que não será passageiro. Só um sabe das transformações silenciosas e vagarosas que ocorrem dentro de si. Nada a ver com crise, cansaço ou vontade de desistência. É tranquilo, calmo, pensado e refletido. Nenhuma mudança será abrupta, pois a maturidade impediria tal feito. O comprometimento segue presente, pois é algo que mais tem a ver com a personalidade do que com a função especificamente dita. É como o despertar num dia nebuloso, mas com a serenidade da consciência de que a névoa é efêmera. Não ser mais isto (não por força das circunstâncias, mas por escolha) gera a esperança de poder ser tantas outras coisas que ainda nem se sabe. É como descobrir que agora se tem asas. Aquelas antigas preocupações se vão. Nunca, absolutamente nunca se imaginou que algo assim pudesse acontecer. Libertação. As lágrimas de alegria não mais tiradas da tal paixão, nesse momento brotam por perceber que algo findou. Até parece uma despedida. E talvez seja o início de uma. Não há mais a necessidade em suprir expectativas externas ou de outrem, nem as expectativas auto impostas fazem mais sentido. Não existe mais ansiedade nem a inquietação “de conseguir” que sempre estiveram latentes e tão impertinentes. Que loucura! Mas a sanidade é quem está presente. Então se aceita que mudou. As chaves da minha própria gaiola agora estão nas minhas mãos. Certas coisas não fazem mais sentido. De certas coisas eu não gosto mais. (Francis Helena Cozta)
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