sábado, 3 de dezembro de 2022

O Permanente é Sufocante

Eu sempre morei na mesma casa e estudei na mesma escola.

Achava mágico quem mudava de escola, de casa, de amizade. Para mim, isso era sinônimo de coragem e me despertava curiosidade. 


Não me considerava uma criança corajosa, pelo contrário, eu era sempre a mais medrosa, ao meu ver, na época, mas quando me recordo das minhas decisões, atitudes e situações pelas quais passei, hoje percebo o quanto eu era corajosa sim.


Não era uma coragem óbvia, pois como muito bem já disse Clarisse, “eu tenho medos bobos e coragens absurdas.”


Voltando ao tema, com a maturidade, percebi que eu gosto da mudança, da mutação, da novidade, de começar de novo e de novo sempre que necessário para mim.  Sentir-me pressa é extremamente desgastante. O imposto, o rótulo, o óbvio são como uma prisão, o oposto da liberdade.


A permanente restrição de “ter de ser” (ou parecer), me sufoca. O de sempre me cansa (e cansa mesmo), desagasta. 


Eu preciso de novos livros, novos filmes, novas músicas, novos trabalhos, novas amizades, novas pessoas, novas histórias.

Eu preciso renovar meu repertório de referências, de experiências, de cores, sabores, sensações, de arte… se não minha criatividade acaba estagnando, e isso para mim é como uma morte, a morte da minha arte.


Foi desafiador entender essa personalidade e ao mesmo tempo banca-la. 


Nada parecido com rebeldia ou transgressão. Nada disso! É muito mais simples e leve do que talvez possa parecer, até porque, eu também sou entusiasta do consciente, do racional, do responsável, do prudente, do seguro.


A segurança tem papel fundamental na liberdade.


Eu gosto de escolher, mesmo que escolher seja sempre escolher o mesmo restaurante, o mesmo prato, o mesmo filme, a mesma roupa, a mesma pessoa; Mas por escolha, não por imposição.


A liberdade me fascina, e, para mim, ela está completamente alinhada com a coragem.


Eu flerto com a coragem. E por não ser a ausência do medo; A instabilidade, o impermanente, a mudança, estão completamente ligados a ela. Coragem. (Francis Helena Cozta) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário