sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

“Só”

 Hoje no ensaio aconteceu algo que há muito não me acontecia. Eu me emocionei de verdade e raciocinei com a “cabeça” da personagem. Hoje eu me entreguei como há muito tempo não acontecia pra mim na minha profissão.

A vida, por vezes, nos faz agir de maneira tão técnica, tão certeira, nos cobrando precisão e perfeição, que esquecemos de apenas estar no momento presente e sentir. 

Tudo é sempre tão aos trancos e barrancos (não que agora não esteja sendo) que não lembramos de fazer o que apenas nós mesmos podemos fazer. Aí, acabamos por usar da experiência adquirida com as horas de voo e nos enganamos fazendo o “arroz com feijão” que não tem erro. Ficamos na superficialidade embasada pela técnica, nos enganamos achando que somos “só isso” e diminuímos nossa luz, pois assim nos enquadramos para sobreviver.

Teoricamente, na minha profissão eu “só” preciso fazer de conta que sou outra pessoa e “viver” por um determinado período de tempo um recorte dessa outra vida. Na prática, isso é o que menos é feito, pois são tantos outros fatores com os quais precisamos nos preocupar, que o essencial é deixado para depois e se der é feito.

Hoje, eu não deixei pra depois. Hoje eu vivi. Hoje eu não esqueci de lembrar do que eu sou capaz.

Hoje eu pude “só” fazer o essencial por um pequeno momento, pois eu estava sendo conduzida, dirigida, vista, cuidada.

Esses momentos são raros.

Fazia tempo que não me sentia nervosa para entrar em cena.

Amanhã eu reestreio o espetáculo O Homem Mais Inteligente da História com atualizações no meu roteiro e com nova direção do Ivan Parente.

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