Tem algo de mágico em quartos de hotéis.
É uma solidão estranha. Você chega cansada depois de um dia de trabalho, e aquele espaço anônimo se torna sua casa por alguns dias ou talvez apenas por algumas horas. A janela desconhecida é um portal para uma cidade que talvez nunca mais te veja.
Acordar num quarto de hotel é acordar meio perdida. Que cidade é essa? Que história que eu tô vivendo agora? Algumas cidades são tão marcantes que dá vontade de ficar. Outras são passagens, como personagens que entram e saem do palco da vida da atriz.
Atrizes e quartos de hotel têm isso em comum. Ambos são feitos de presenças passageiras. Nem os quartos e nem as atrizes aprendem a dizer adeus. Apenas deixam ir.
O inverno sempre passa, apagando cicatrizes, mesmo quando o verão decide acabar cedo demais. E talvez seja justamente nesse vai e vem de cidades, palcos e camarins que a atriz aprende que sua vida não é fixa, mas feita de memórias, de personagens e de vidas que chegam e partem, talvez para nunca mais voltar… ou talvez não. (Francis Helena Cozta)